Para acabar bem o ano…o último filme que vi (revi) em 2007 foi 28 Days Later.
Quem ainda não viu, está a perder o melhor filme sobre a natureza humana que foi feito nos últimos anos, deste lado da via láctea. Os zombies – pelos quais o filme é mais conhecido – estão lá para enganar (e nem sequer são realmente zombies).
Realizado por Danny Boyle – o mesmo de Trainspotting e The Beach –, o filme baseia-se em premissas simples. Em plena Grã-Bretanha, surge uma forma altamente contagiosa de raiva que, ao transmitir-se, tira qualquer réstia de raciocínio aos infectados, tornando-os predadores violentos, incontroláveis, e sedentos de sangue. A infecção espalha-se depressa e, em breve, já alastrou a toda a ilha.
28 dias depois do início da infecção, um desorientado Jim (Cillian Murphy) acorda de um coma prolongado e dá por si completamente sozinho, num mundo estranho. Percorre o hospital vazio e deambula por horas pelas ruas de Londres, igualmente desertas, e repletas de sinais de destruição.
Quando finalmente encontra outras pessoas, descobre, horrorizado, a dimensão do que aconteceu. Quando a epidemia surgiu, milhões foram infectados. E, dos que não o foram, uma larga parte morreu no caos resultante da epidemia. Toda a sociedade foi destruída, e a Grã-Bretanha tornou-se, literalmente, numa ilha fantasma. Quanto ao resto do mundo…bom, ninguém sabe.
É nesta realidade pós apocalíptica que Jim e os outros sobreviventes – Selena (Naomie Harris), Hannah (Megan Burns) e Frank (Brendan Gleeson) – resolvem abandonar Londres para encontrar alguma esperança noutras paragens. A viagem vai ser perigosa, mas tanto não devido a encontros indesejados com infectados; como devido ao encontro com outros sobreviventes. Acabada a ordem social, começou, entre homens, a luta primal pela sobrevivência; e pela dominância.
O belo de 28 Days Later é que, para além de estar muitíssimo bem feito em todos os sentidos, não pretende ser um filme moral, ou sequer pessimista. Retrata o melhor e o pior de que o ser humano é capaz. Mas não há nem bem nem mal. Há apenas pessoas, que tomam opções humanas em situações extremas. O sumo do filme está no jogo que se cria entre as opções tomadas, e nos desfechos dessas opções. E tudo com aquele delicioso toque posh-grunge-londrino que Danny Boyle imprime a tudo em que toca.
E, com tanta coisa boa, a banda sonora também não podia deixar de ser 5 estrelas. Aqui fica a música da sequência mais climática do filme:
John Murphy, Brian Eno & The Blue States - 'In the house, in a heartbeat'
PS: já há um 28 Weeks Later e diz que não é uma sequela mal amanhada. Está na minha lista para 2008...