Por vezes ele sente o frio gélido dos seus próprios dedos, a escavarem úlceras no coração da sua alma. Como se procurasse o infinito na escuridão fria de um qualquer vácuo interior ainda inexplorado.
Repousa. Remexe-se. Repete, silenciosamente, as palavras que um dia uma voz carinhosa lhe sussurrou ao ouvido…é tempo de descansar.
Ao fundo, uma música toca. Fala de um baile num grande salão. Da menina que quis entrar, vestida de flores vermelhas. De castiçais frescos e elegantes. De uma cerimoniosa orquestra vitoriana, dirigida por um coelho branco, tornado amargo pela vida. Dos manequins de porcelana que alguém se lembrou de incluir na dança. De doenças que ninguém se lembrou de curar. De bebés que interrompem a orquestra, transformando-se
De MacBeth, ao fundo, que come uma maçã enquanto aprecia a sua perdição. De ponche. Da pomba que acasala com um corvo, no centro do baile. Da decoração vermelha e das madeiras de carvalho, infalíveis. De um pouco de beleza, extraída ao vazio.
É tempo de descansar.
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